Escolas no Brasil têm mais bullying que a média mundial

As escolas brasileiras perdem mais tempo com tarefas não relacionadas ao aprendizado e são ambiente mais propício ao bullying e à intimidação do que a média internacional, segundo dados obtidos a partir da avaliação dos próprios professores e diretores escolares. E isso acaba prejudicando os esforços pedagógicos para melhorar a educação.
Siga-nos: Facebook | X | Instagram | Youtube
Em uma aula típica, os professores brasileiros passam, em média, apenas 67% do tempo com o processo de aprendizado – o restante acaba sendo dedicado a tarefas administrativas, como fazer chamada, ou disciplinares, como manter a ordem da classe.
Participe do nosso grupo: WhatsApp
A informação é parte da pesquisa Professores e Líderes Escolares como Eternos Aprendizes (Talis, na sigla em inglês), que acaba de ser divulgada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Compartilhe esta notícia: WhatsApp | Facebook | X | Telegram
Na média da OCDE – que entrevistou 250 mil professores e líderes escolares de 48 países ou regiões –, os professores usam 78% do tempo de sala de aula com aprendizagem. Atrás do Brasil, só professores da África do Sul e da Arábia Saudita gastam mais tempo com tarefas não relacionadas ao aprendizado.
Para a OCDE, o efeito cumulativo disso traz grandes perdas para o aluno.
"A perda de alguns minutos por dia, somados, acaba totalizando a perda de vários dias no ano escolar, por isso o tempo gasto no aprendizado é tão importante", diz à BBC News Brasil Karine Tremblay, principal autora do estudo.
"Um exemplo concreto: uma perda de apenas 5% no tempo gasto ensinando corresponde a 12 dias e meio no ano."
A única ressalva que ela faz é que esse tempo administrativo pode estar sendo positivamente gasto se for explicando novas tarefas aos alunos ou acompanhando-os em atividades especiais, como as extraclasse, que tendem a exigir mais tempo de gerenciamento.
Intimidação e bullying
Outro dado que chamou a atenção de Tremblay é que 28% dos diretores escolares brasileiros relataram ter testemunhado situações de intimidação ou bullying entre alunos, o dobro da média da OCDE.
Semanalmente, 10% das escolas brasileiras pesquisadas registram episódios de intimidação ou abuso verbal contra educadores, segundo eles próprios, com "potenciais consequências para o bem-estar, níveis de estresse e permanência deles na profissão", diz a pesquisa. A média internacional é de 3%.
"Claramente, se os estudantes não se sentem seguros em sua própria escola, não há condições para aprender", diz Tremblay.
Tremblay opina que é só quando "todos no ambiente escolar, de pais a educadores e estudantes, entenderem que essa questão não é aceitável e precisa ser enfrentada é que o problema será combatido. É preciso informar diretores de que isso é um problema sério, que afeta o bem-estar e portanto o aprendizado dos alunos, e realizar campanhas de conscientização para estimular vítimas e testemunhas a relatar os casos."
Perfil dos educadores brasileiros
A Talis 2018 – maior pesquisa mundial de educadores – entrevistou 2.447 professores da educação básica e 184 diretores de escolas brasileiras.
A média de idade dos professores brasileiros é de 42 anos e a dos diretores escolares, 46 anos (o que significa, nos cálculos da OCDE, que um quarto dessa força de trabalho terá de ser renovada pelo país em pouco mais de uma década, à medida que esses educadores se aposentarem).
Fonte: G1
Comente
-
PRF prende motociclista por dirigir alcoolizado na BR-316, em Barro Duro-PI
-
Homem é preso suspeito de tentar matar ex-esposa a facadas na zona Sul de Teresina
-
Preço do café cai pelo segundo mês consecutivo, aponta IBGE
-
Fux absolve Bolsonaro e condena Braga Netto e Cid pela trama golpista
-
Projeto que susta regras de aborto legal em crianças avança na Câmara
