Professora da UFPI sofre ataques transfóbicos nas redes: 'Você pode ser tudo, menos mulher'

A professora Dra. Letícia Carolina, primeira docente transgênero da Universidade Federal do Piauí (UFPI), foi alvo de manifestações transfóbicas e discriminatórias nas redes sociais após ser destacada na campanha "Mulheres UFPI fazem a diferença", em celebração ao Dia Internacional da Mulher.
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A campanha tem como objetivo reconhecer e enaltecer mulheres que contribuem significativamente para a sociedade, e Letícia, com sua trajetória como professora no Campus de Floriano, foi uma das homenageadas. No entanto, a ação gerou uma série de ataques de ódio contra a professora, que lamentavelmente vieram à tona de maneira agressiva e intolerante.
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"Graças as feministas homens seguem tomando seu espaço", disse um internauta.
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Em outro comentário, um usuário afirma que "A Ufpi acabou! Ninguém quer ir pra ufpi não! Vocês sabem porque!".
"Desculpem, mas pra respeitar as diferenças, e lutar pela inclusão de todos ao acesso à educação e oportunidades, não precisamos negar a realidade. A pessoa em questão não é mulher e nem negra, ponto", diz outro perfil.
Em resposta aos ataques, a Universidade Federal do Piauí emitiu uma nota oficial expressando seu "veemente repúdio" às manifestações transfóbicas. A nota ressaltou a indignação da instituição frente ao discurso de ódio e destacou a importância de se combater a discriminação de gênero, reafirmando seu compromisso com os princípios da dignidade humana, respeito à diversidade e à inclusão.
A instituição ainda reiterou a importância de adotar medidas contra qualquer forma de discriminação, incluindo a transfobia, que, conforme decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), é um crime equiparado ao racismo, passível de punição civil e criminal.
A universidade se comprometeu a adotar todas as providências necessárias para identificar os responsáveis pelos ataques à Dra. Letícia e a garantir que a UFPI continue sendo um espaço de respeito e liberdade, sem espaço para discursos de ódio.
Letícia também comentou na publicação feita pela instituição. Além de falar sobre os ataques, ela aproveitou pra agradecer as mensagens de apoio feitas pelos internautas.
"Gente não consigo responder os comentários transfóbicas na página, pois, como sabem sou docente e pesquisadora, passei a tarde em sala de aula, tenho banca de doutorado essa semana tenho que terminar de ler o trabalho, tenho inúmeros compromissos acadêmicos. Então quem vem aqui destilar ódio não terá minha atenção, principalmente pelo fato de que o amor que estou recebendo é muito maior do que o ódio. Obrigada de verdade a @ufpi e a todos/as que estão deixando seu carinho por aqui "
Confira a nota na íntegra:
"A Universidade Federal do Piauí (UFPI) manifesta seu mais veemente repúdio às manifestações transfóbicas e discriminatórias proferidas em redes sociais contra a Profa. Dra. Letícia Carolina, uma de nossas professoras transgênero, por ocasião da campanha “Mulheres UFPI fazem a diferença”, em celebração do Dia Internacional da Mulher.
A UFPI reafirma seu compromisso inegociável com os princípios da dignidade humana, respeito à diversidade e inclusão, valores fundamentais de uma instituição pública de ensino superior. É inaceitável que, no espaço acadêmico e na sociedade, persistam discursos de ódio que visam deslegitimar a identidade e os direitos das pessoas trans.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, assegura a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, e a legislação vigente estabelece penalidades para atos discriminatórios, incluindo a Lei nº 7.716/1989, que criminaliza práticas de preconceito. Ademais, decisões do Supremo Tribunal Federal reconhecem a transfobia como crime equiparado ao racismo, sendo passível de responsabilização civil e criminal.
A UFPI, como instituição comprometida com a ciência, a justiça e a equidade, não tolerará discursos de ódio revertidos de opinião e adotará todas as medidas cabíveis para identificar e responsabilizar os envolvidos, garantindo que o ambiente acadêmico permaneça um espaço de pluralidade, respeito e liberdade com responsabilidade.
A transfobia não tem espaço na UFPI. Seguiremos firmes na defesa dos direitos humanos, da inclusão e do respeito a todas as identidades de gênero.
(*) Isaac Da Silva é estagiário sob supervisão do jornalista Luiz Brandão - DRT-PI - 960"
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