Adoção de animais idosos é vista como 'segunda chance'

Raça, tamanho, sexo e idade. Dentre as características que dificultam a adoção de inúmeros animais abandonados ou em situação de rua, a idade é uma das que mais influenciam nesta situação. Segundo pesquisa realizada pela Ampara Animal, o abandono cresceu 61% entre junho de 2020 e março de 2021. Este cenário fez com que a demanda no trabalho de ONGs e protetores de animais também aumentasse, sobrecarregando abrigos e instituições.

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Fernando José Antao Machado, protetor independente da Associação de Proteção Animal Lar do Nando, que atua resgatando e abrigando animais de rua, relata que grande parte dos visitantes buscam animais filhotes ou de raça definida.

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"O interesse pela adoção dos pets mais velhos ou vira-latas acaba sendo quase zero, principalmente por se tratar de animais vítimas de maus-tratos que foram resgatados machucados, com sequelas irreparáveis ou doenças sem cura", diz Fernando, que atualmente abriga mais de 500 animais. 

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O preconceito com esses animais, somado ao abandono e maus-tratos, resultam em uma triste realidade. Esta história poderia ser a da vira-lata Valdirene, de 8 anos, se não tivesse sido resgatada das ruas por sua tutora Amanda Layanne de Oliveira.

"Ela sempre passava em frente ao Pet Shop que eu trabalhava na esperança de conseguir água e ração. Aquilo mexeu tanto comigo que decidi adotá-la. Passado um tempo, descobri que a Val estava grávida. Como já estava muito apegada a cachorra, decidi permanecer com ela e dar o suporte necessário durante a gestação. Todos os filhotes nasceram com saúde e foram adotados", relata.

Mesmo se tratando de uma cadela que nasceu e cresceu nas ruas, não houve dificuldades em sua adaptação, apesar de dividir espaço com mais dois cachorros de sua nova tutora, também adotados.  Contudo, Amanda comenta que, há pouco mais de um mês, Valdirene foi vítima de um AVC e perdeu todos os movimentos.

"Hoje, mesmo com as sequelas deixadas pelo ocorrido, nunca passou pela minha cabeça abandonar minha companheira de quatro patas", desabafa.

Ao se falar da adoção e adaptação de pets com idade avançada em um novo lar, o comprometimento desempenha uma ação central na construção dessa relação. O papel dos novos tutores se destaca como determinante para a criação de um ambiente propício à recuperação e ao bem-estar desses seres, possibilitando que histórias de superação como a de Valdirene possam se repetir.