ESTADO DO GURGUÉIA: A LUTA CONTINUA

“Imagine o Piauí ser dividido e o Gurguéia ficar independente. ” Como nestes versos de Bráulio Tavares com referência ao movimento de separação do Nordeste com relação ao Brasil, nós, gurgueienses, temos o mesmo sentimento separatista em relação ao resto do Estado.

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A redivisão territorial do país tem sido muito questionada no Congresso Nacional e o Estado do Gurguéia está inserido nesse contexto, pois a justificativa para a separação é mais do que convincente, devido ao gigantismo territorial do Estado do Piauí, primeiro pela falta de vontade politica em aplicar os recursos de infra- estrutura para atingir o desenvolvimento necessário que a região merece, quer na agricultura, quer no comércio ou na indústria, planejamento estratégico dos governos piauienses.

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É no setor primário que reside a alavancagem da região do Gurguéia, principalmente com os cerrados, que ocupam uma área de aproximadamente 8 milhões de hectares, com cerca de 5 milhões de hectares em condições favoráveis para a agricultura, apresentando, ainda, os seguintes aspectos: solo profundo e bem drenado, elevada radiação solar, facilitando o processo da fotossíntese; topografia plana, viabilizando a mecanização; chuvas regulares durantes seis meses consecutivos; grande reserva de calcário, área servida de um dos maiores lençóis freáticos do mundo, com a fertilidade dos vales úmidos, ás margens do rio Gurguéia; facilidade de escoamento da produção devido a sua ótima posição geográfica, além das altas taxas de produtividade nas produções de soja, milho, algodão etc 

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A viabilidade econômica do futuro Estado é inquestionável; este fato relembrar a implantação da última criação de Estado, que foi o do Tocantins, criado com a promulgação da Constituição de 1988, dividindo o Estado de Goiás, ficando a parte norte com o Estado do Tocantins, onde alguns órgãos da impressa nacional chegaram a dizer, na época, que Goiás saiu ganhando, já que 95% da riqueza ficaram com Goiás, enquanto Tocantins herdou o lado ruim.

A realidade hoje é a pujança dos dois Estados membros da Federação. Hoje o Estado do Tocantins é uma realidade.

O antigo decreto Legislativo nº 439, de 1994, que dispõe sobre a realização do plebiscito para a criação do Estado do Gurguéia, chegou a tramitar em diversas comissões das comissões da Câmara dos Deputados, já sendo arquivado. O que necessita da união de todos os atores para voltar a discussão sobre a viabilidade do Estado do Gurgueia. Os ideais de criação do Estado do Gurguéia remontam a muito tempo, desde 1950, quando, em troca de correspondência com o Padre Lira Parente, o então senador Joaquim Pires Ferreira já defendia a separação do Estado.

Em que pese nos últimos anos, os investimentos na região do Gurgueia e, agora com o planejamento do atual governador Rafael Fonteles em investir no sul do Piaui, ainda há problemas estruturantes a enfrentar, tais como estradas, energia, saúde, regularização fundiária, maior presença do Poder Judiciário, etc

Para finalizar, faço uma interrogação: será que as gerações futuras da região do Estado do Gurguéia perdoarão os homens públicos que exerceram e atualmente exercem mandatos por não se interessarem em desenvolver a região ou viabilizar a criação de um futuro Estado?

 Por fim, o saudoso Jesualdo Cavalcanti, por ocasião da sua despedida como Deputado Federal, nos idos de 1990,  da Câmara dos Deputados, leu um importante discurso sobre a criação do Estado do Gurguéia, despertando uma imagem positiva do futuro Estado onde foi afirmativo: “ não pretendemos criar o Gurgueia contra o Piauí, mas, sim, com o Piauí”

Valmir Martins Falcão Sobrinho

Advogado/Economista