A Justiça do Piauí conduz nesta sexta-feira (5), no município de Parnaíba, no litoral do estado, a audiência de instrução e julgamento do caso que chocou o país: o envenenamento que resultou na morte de dez pessoas. Os acusados, Francisco de Assis Pereira da Costa e Silva e Maria dos Aflitos Silva, respondem pelas mortes de nove membros da própria família e de uma vizinha.

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Esta etapa do processo é decisiva, pois é nela que o juiz responsável escuta depoimentos de testemunhas, das partes envolvidas e de especialistas, com o objetivo de avaliar as provas colhidas até o momento antes de proferir uma sentença.

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Audiência adiada anteriormente

Marcada inicialmente para o dia 30 de julho, a audiência precisou ser adiada após um pedido da Defensoria Pública do Estado, que solicitou um exame de sanidade mental para Francisco de Assis. O laudo psiquiátrico, divulgado no último dia 2 de setembro, atestou que ele está em pleno gozo de suas faculdades mentais. A defesa de Maria dos Aflitos também solicitou o adiamento, alegando dificuldades logísticas para sua participação, uma vez que ela está presa em Teresina. A previsão era que ela fosse ouvida por videoconferência.

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Os crimes

Segundo o Ministério Público, o casal teria envenenado dez pessoas, das quais oito morreram entre agosto de 2024 e janeiro de 2025. Uma das vítimas sobreviveu ao primeiro atentado, mas acabou falecendo semanas depois — motivo pelo qual os acusados respondem por 11 crimes: oito homicídios qualificados consumados e três tentativas.

Ambos foram presos em janeiro deste ano, após as investigações reunirem elementos suficientes que apontam para sua responsabilidade nas mortes.

As vítimas

As vítimas identificadas no caso são:

• Manoel Leandro da Silva (18 anos) – filho de Maria dos Aflitos e enteado de Francisco – morto;

• Francisca Maria da Silva (32 anos) – filha de Maria dos Aflitos – morta;

• Ulisses Gabriel da Silva (8 anos) – neto de Maria dos Aflitos – morto;

• João Miguel da Silva (7 anos) – neto de Maria dos Aflitos – morto;

• Maria Gabriela da Silva (4 anos) – neta de Maria dos Aflitos – morta;

• Lauane da Silva (3 anos) – neta de Maria dos Aflitos – morta;

• Igno Davi da Silva (1 ano e 8 meses) – neto de Maria dos Aflitos – morto;

• Maria Jocilene da Silva (32 anos) – ex-nora de Maria dos Aflitos – morreu após novo episódio de envenenamento;

• Adolescente de 17 anos – irmã de Manoel e Francisca – sobreviveu;

• Menino de 11 anos – filho de Maria Jocilene – sobreviveu.

Linha do tempo do caso

O caso ganhou notoriedade em agosto de 2024, quando dois irmãos — Ulisses Gabriel e João Miguel — foram internados com suspeita de intoxicação. João não resistiu e faleceu poucos dias depois; Ulisses morreu em setembro.

Inicialmente, a suspeita recaiu sobre uma vizinha da família, Lucélia Maria, que chegou a ser detida em flagrante, embora tenha negado envolvimento.

O crime mais grave ocorreu no dia 1º de janeiro de 2025, quando nove pessoas da mesma família consumiram arroz contaminado com terbufós — uma substância tóxica altamente letal, semelhante ao popular "chumbinho". Cinco delas morreram, incluindo três crianças. A ex-nora de Maria dos Aflitos, Maria Jocilene, morreu 20 dias depois, após novo episódio de envenenamento.

Francisco de Assis também chegou a ser hospitalizado, mas foi preso assim que recebeu alta, após apresentar versões contraditórias sobre os fatos. Já Maria dos Aflitos foi detida no final de janeiro. Em depoimento à polícia, ela confessou ter envenenado o café de Jocilene para tentar proteger o companheiro das acusações.

Em março, a Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou o casal por 23 crimes, incluindo múltiplos homicídios e tentativas.